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Projetos de Pesquisa

José da Costa

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Subjetividade e políticas da cena  

4ª etapa: o real e a comunidade como inquietações contemporâneas

 

O interesse da investigação é relativo ao apelo que hoje desempenham, sobre a criação teatral e sobre a pesquisa crítica e teórica em teatro no Brasil, dois termos, que, em grande medida, funcionam de forma complementar entre si: o real e a comunidade. No que diz respeito ao real, interessam as possíveis fricções entre, por um lado, a vida e o real, e, por outro lado, a composição artística, ficcional, dramática e cênica do evento teatral. Sob o nome do real ou de seu influxo, percebido como mais ou menos direto ou mediado, uma grande quantidade de grupos, companhias e criadores enfatiza em seus trabalhos teatrais, três aspectos. O primeiro deles é a dimensão dita performativa (vista como diferente da simbolização narrativa, da representação dramática e da pura semiótica composicional da encenação). O segundo aspecto é o traço documental e autobiográfico (percebido como meio de captar forças específicas associadas à ordem experiencial e supostamente capazes de adensar de modo singular a interação entre atores e espectadores, muitas vezes com a presença em cena de não atores, na condição de testemunhos ou de informantes). Por fim, o terceiro aspecto é a relação do fazer teatral com espaços urbanos ou com edifícios não teatrais, dentro de eventos espetaculares tradicionais, mas também em procedimentos conhecidos como ações, intervenções e site specific, que se querem distintos da organização teatral tradicional. Junta-se ao real como inquietação da arte contemporânea, o outro fator de absorção da atenção dos criadores e realizadores, bem como de críticos e teóricos que é a relação do teatro com o seu entorno imediato, com a comunidade, com o contexto de que faz parte. Quanto a esse aspecto, interessará também verificar e questionar os pressupostos da compreensão do comum (em âmbito público, social ou de grupos menores), as imagens/visões de comunidades que a experiência artística plasma nos signos poéticos que produz. Do ponto de vista epistemológico, nem o real e nem a comunidade são tomados na pesquisa como termos substanciais e autossuficientes, como evidências ou como referentes puramente objetivos que se encontrem naturalmente em lugares determinados. São percebidos tanto como objetivos, quanto como subjetivos, na dupla condição de realidade e de imaginação em que cada um dos dois se constitui. Vida e comunidade são observados, na pesquisa, como fontes de inquietação inescapáveis que geram diferentes construções artísticas e distintos modos de lidar com a esfera pública e com a ordem das subjetividades individuais e coletivas em nossa contemporaneidade.

Vanessa Teixeira de Oliveira

Strindberg - Os segredos da tribo

 

Trata-se de montagem de espetáculo teatral, provisoriamente intitulado Os segredos da tribo, a ser realizada a partir de textos dramatúrgicos, narrativos e autobiográficos do escritor sueco August Strindberg (1849-1912), bem como de ensaios de outros autores sobre a sua obra, sua vida, e sobre o teatro moderno. Os textos dramatúrgicos a serem considerados, a princípio, são os da última etapa de sua obra dramatúrgica, intitulados pelo próprio autor como ?teatro de câmara?. São eles: Tempestade (1907), A casa queimada (1907), Pelicano (1907), Sonata dos espectros (1907). Serão levadas em conta também na composição da dramaturgia e na encenação as produções de Strindberg no âmbito da pintura e da fotografia. A pesquisa teórica e a dramaturgia será de responsabilidade da prof. Vanessa Teixeira de Oliveira. A direção da montagem, da profa. Larissa Elias (UFRJ).

Ana Bernstein

Pensar a fotografia

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O interesse da investigação é relativo ao apelo que hoje desempenham, sobre a criação teatral e sobre a pesquisa crítica e teórica em teatro no Brasil, dois termos, que, em grande medida, funcionam de forma complementar entre si: o real e a comunidade. No que diz respeito ao real, interessam as possíveis fricções entre, por um lado, a vida e o real, e, por outro lado, a composição artística, ficcional, dramática e cênica do evento teatral. Sob o nome do real ou de seu influxo, percebido como mais ou menos direto ou mediado, uma grande quantidade de grupos, companhias e criadores enfatiza em seus trabalhos teatrais, três aspectos. O primeiro deles é a dimensão dita performativa (vista como diferente da simbolização narrativa, da representação dramática e da pura semiótica composicional da encenação). O segundo aspecto é o traço documental e autobiográfico (percebido como meio de captar forças específicas associadas à ordem experiencial e supostamente capazes de adensar de modo singular a interação entre atores e espectadores, muitas vezes com a presença em cena de não atores, na condição de testemunhos ou de informantes). Por fim, o terceiro aspecto é a relação do fazer teatral com espaços urbanos ou com edifícios não teatrais, dentro de eventos espetaculares tradicionais, mas também em procedimentos conhecidos como ações, intervenções e site specific, que se querem distintos da organização teatral tradicional. Junta-se ao real como inquietação da arte contemporânea, o outro fator de absorção da atenção dos criadores e realizadores, bem como de críticos e teóricos que é a relação do teatro com o seu entorno imediato, com a comunidade, com o contexto de que faz parte. Quanto a esse aspecto, interessará também verificar e questionar os pressupostos da compreensão do comum (em âmbito público, social ou de grupos menores), as imagens/visões de comunidades que a experiência artística plasma nos signos poéticos que produz. Do ponto de vista epistemológico, nem o real e nem a comunidade são tomados na pesquisa como termos substanciais e autossuficientes, como evidências ou como referentes puramente objetivos que se encontrem naturalmente em lugares determinados. São percebidos tanto como objetivos, quanto como subjetivos, na dupla condição de realidade e de imaginação em que cada um dos dois se constitui. Vida e comunidade são observados, na pesquisa, como fontes de inquietação inescapáveis que geram diferentes construções artísticas e distintos modos de lidar com a esfera pública e com a ordem das subjetividades individuais e coletivas em nossa contemporaneidade.

Inês Cardoso

TEXTO E PRESENÇA: O PERSONAGEM, O ATOR E A MATERIALIDADE VISUAL E SONORA DO TEXTO TEATRAL

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Neste projeto de pesquisa dou continuidade às minhas investigações quanto à noção de personagem teatral e ao trabalho do ator aliadas ao estudo voltado para dramaturgias que questionam o gênero dramático e forçam seus limites. Ao forçarem os limites genéricos, estas dramaturgias acabam por impor a sua presença na cena. Minhas investigações se voltam, neste sentido, para o fato de que esta presença do texto na cena (em oposição à presença da cena no texto, por meio das indicações didascálicas) pode vir a redefinir a noção de personagem teatral e a modificar a função do ator no teatro, cuja presença física passa, então, a dialogar com a presença ?física?, com a materialidade visual e sonora do texto, no âmbito do espaço cênico. Tomarei como objeto de estudo, simultaneamente, as questões cênicas suscitadas, por um lado, por textos que tendem a forçar os limites dos gêneros literários e modos discursivos, por dramaturgias que tendem a pôr o drama em questão e, por outro lado, por encenações que desafiam os paradigmas habituais que orientam o trabalho do ator em cena, sua relação com o texto dramático e com os demais elementos que compõem o espetáculo teatral.. 

Flora Süssekind

Edição Crítica e Estudo de O Guesa, de Sousândrade

 

Projeto de edição crítica de O Guesa, de Sousândrade, com anotações e comentários que exponham, em seu aparato critico, a complexidade textual intrínseca das inúmeras versões e variantes de seus Cantos, tomando como texto-base a última edição revista pelo poeta e publicada em Londres em 1884.

Leonardo Munk

DRAMATURGIAS POSSÍVEIS: DO CORPO DA ESCRITA À ESCRITA DO CORPO

 

Certa ocasião, ao considerar o teatro como um diálogo entre corpos, o dramaturgo alemão Heiner Müller recorreu a Friedrich Nietzsche e seu 'escrever com os pés' para relativizar a centralidade dada pelo teatro burguês ao texto escrito. Afinal, nas 'artes do corpo', a palavra deveria vir a reboque daquele, e não o contrário. Máxima essa que só foi colocada a partir da emergência do encenador no início do século XX. Naturalmente que a noção do dramaturgo como figura central dentro de uma montagem teatral permaneceu como hegemônica pelo menos até o final da década de 1960 quando a partir de então, e de modo mais sistemático, ranhuras puderam ser observadas naquilo que até então se constituía enquanto drama burguês. O próprio esgarçamento do conceito de texto, não mais restrito a aspectos eminentemente linguísticos terminou por contribuir para a ampliação do conceito de dramaturgia, entendido aqui menos como a composição de textos dramáticos e mais como uma proposição de forças dentro de um espetáculo ou obra. Indo ao encontro de Müller e de sua denúncia da 'prisão da significação', detecto em algumas das mais notáveis experiências cênicas dos últimos anos a premência das tensões corporais para além da reconhecível tensão dramática. Por sinal, é compreensível que tal resistência ao sentido termine por acarretar dificuldades de recepção, sobretudo em se tratando de trabalhos que independem de uma construção discursiva tradicional. Pretende-se aqui, portanto, investigar essas mudanças de ênfase, do corpo da escrita à escrita do corpo, e vice-versa, tendo como foco o diálogo entre o teatro e outras manifestações artísticas tais como a dança e o cinema.

Maria Helena Werneck

POVOS SEM LÁGRIMAS: GESTOS, FALAS E IMAGENS DA POBREZA NO TEATRO, NA LITERATURA, NAS ARTES

 

O Projeto de Pesquisa ?Povos sem lágrimas: gestos, falas e imagens da pobreza no teatro, na literatura, nas artes? parte de proposta de revisão crítico-historiográfica da obra Os pobres na Literatura, organizada por Roberto Schwarz, em 1983, para investigar as relações entre arte e pobreza em diversas obras e movimentos artísticos contemporâneos. Estrutura-se em três eixos de investigação exploratórios: um primeiro estudo sobre o campo dos teatros do real em trabalhos que, baseando-se em relatos orais de pessoas em situação de pobreza ou de fragilidade, criam diferentes poéticas documentais; um segundo estudo de obras de dança-teatro e performance que assumem a indocilidade corporal como coreopolíticas e um terceiro estudo que se prepõe a não apenas construir a memória da publicação lançada na década de 1980, mas também elaborar o projeto de cartografia de ampliada de obras de literatura, de dança e artes da performance que renovam as relações entre estética e pobreza.

André Gardel

Poética Antropofágico-Perspectivística para uma Re-Visão do Teatro Brasileiro em Cinco Momentos-chave

 

Este projeto de pesquisa tem como finalidade a concepção de uma Poética Antropofágico-Perspectivística, com o objetivo de realizar uma Re-Visão, em cinco momentos-chave, do Teatro Brasileiro. Com isso, busca-se estabelecer, de imediato, uma cena de origem, delineada a partir do encontro, tenso e entredevorante, ocorrido no Século XVI - no espaço geopolítico que, mais tarde, será o do Estado-Nação Brasil -, entre as civilizações ameríndias e europeia. A intensidade da cena original reverberará, como acontecimento-constelação benjaminiano, nos outros momentos-chave. Os instrumentais que ajudarão a configurar essa Poética serão a ideia de Antropofagia, de Oswald de Andrade; a noção de Perspectivismo, de Eduardo Viveiros de Castro; os conceitos de história, de Walter Benjamin; alguns elementos do Teatro da Crueldade, de Antonin Artaud, e de cosmopolítica no xamanismo amazônico.

Márcio Freitas

Teatro documental e autobiográfico: autorrepresentação e desvio

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A pesquisa de caráter teórico iniciou-se no Doutorado e continua sendo desenvolvida no Pós-Doutorado. Nela, propõe-se um olhar para espetáculos da cena teatral da atualidade, nos quais se apresentam atores na qualidade de autores das próprias palavras, dando relatos a respeito de suas vidas. Examinando obras associáveis ao gênero do teatro autobiográfico, identifica-se a construção de pactos de sinceridade entre ator e espectador, dirigindo atenção crítica para a forma como certas imagens cênicas, especialmente aquelas de atores tocados por emoções suscitadas por seus relatos, servem de reforço à transmissão de sentidos pré-fixados. Por outro lado, dedica-se atenção a meios de se produzirem desvios na imagem do ator sincero: evidenciando as camadas de construção por meio do gesto; fazendo a forma autobiográfica fracassar, sem por isso suspendê-la; reconstituindo mal a unidade orgânica do sujeito do relato; esquivando-se do sentido por meio de certa complementariedade entre texto e cena.. 

Claudio Flores

Terra de Babel – novas traduções para o teatro

 

Trata-se de um projeto de pesquisa focalizado na relação entre teatro e tradução. Por um lado, haverá traduções atualizadas de textos nunca traduzidos para o português do Brasil (ou cuja última tradução esteja desatualizada). Por outro, haverá a produção de textos críticos sobre a relação entre o teatro e a tradução. Todos os textos referidos devem estar no domínio do teatro, ou contribuir diretamente para as disciplinas da Escola de Teatro da UNIRIO.

Marina Vianna

Estudos sobre os procedimentos de montagem nos trabalhos de Bertolt Brecht: A Santa Joana dos Matadouros e os Diários de Trabalho

 

Essa pesquisa se inscreve em uma linha de investigação prática teórica em torno do processo de encenação da peça A Santa Joana dos Matadouros, de Bertolt Brecht. No caso, encenar quer dizer desmontar e remontar, de forma infinita, ou seja, que não se fecha com a realização de um produto-peça. A ideia é abrir uma discussão sobre a cena e sobre as possibilidades de encenar a peça como ruína. Como dar a ver as ruínas de uma peça, os vestígios do teatro, as cinzas das utopias? A possibilidade de fazer ver vozes que o texto abre, vozes remanescentes, sobreviventes. Um texto que abre a cada leitura a própria (im)possibilidade de encená-lo. E por isso, o próprio tema da representabilidade ( e da irrepresentabilidade) vem à tona. A obra convida à destruição, ao esfacelamento. Como um caleidoscópio o texto se desdobra em remissões, faz ouvir outras vozes, manifesta anacronicidades e nos coloca no olho da discussão levada a cabo pelo filósofo Jacques Rancière sobre se existe o irrepresentável.

Angela Materno de Carvalho

Figuras Sonoras e Ressonâncias Visuais: voz, imagem e escuta na escrita teatral dos séculos XX e XXI

 

O objetivo principal da pesquisa é analisar comparativamente diferentes modos como a instância da voz e a dimensão da escuta inscrevem-se em obras teatrais dos séculos XX e XXI, transformando não apenas o modo de significar das imagens, mas também a própria configuração da escrita teatral. Desdobra-se daí, portanto, um outro objetivo: pensar como a noção e a própria experiência da imagem podem ser abordadas a partir de categorias e figuras pertinentes, a princípio, ao campo das reflexões sobre a voz e a escuta. Para além da pregnância do paradigma visual presente nas investigações sobre imagem, e sem descartá-lo, pretende-se aqui abordá-la a partir de suas configurações rítmicas, pulsações, repetições, cadências, ecos e ressonâncias. Voz, imagem e escuta são estudadas articuladamente e sempre a partir obras, cenas, experiências e textos específicos. A noção de voz é aqui pensada não apenas como matéria sonora, mas também como lugar em que se funda a enunciação, isto é, como o lugar em que a linguagem tem lugar. A voz é também abordada como uma instância intervalar entre corpo e linguagem, som e sentido, palavra e música, matéria e fantasma. O estudo das variações da escuta em escritas teatrais busca observar não apenas figuras rítmicas, paisagens sonoras, disjunções vocais, silêncios, ecos e ruídos, mas observar também como diferentes modos de dramatização da escuta problematizam as noções de tempo, espaço e presença. A escrita teatral é aqui compreendida de forma ampliada, incluindo textos, imagens, atuações, teorizações. Os principais autores estudados são Samuel Beckett, Marguerite Duras e Peter Handke, autores cujas obras se constituem no trânsito entre diferentes linguagens e suportes (literatura, teatro, peça radiofônica, filme, ensaio), obras nas quais a própria passagem de uma linguagem a outra e o limiar, ou mesmo a indiscernibilidade, entre linguagens distintas são fundamentais para a singularização dessas escritas. 

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